“Sardinha: livro dá a conhecer a arte da pesca do cerco”
“Durante quatro anos, a partir do norte de Portugal, Helder Luís desenvolveu um projeto de fotografia documental que culminou numa obra. “Sardinha, o sem fim da pesca do cerco” dá a conhecer essa arte e quem a pratica – em terra e no mar.
Entre 2018 e 2022, Helder Luís – fotógrafo poveiro que também é designer e artista multimédia – desenvolveu um projeto de fotografia documental tendo como alvo a pesca do cerco, uma “das artes de pesca mais importantes em Portugal”. Fê-lo no âmbito da residência artística MAR|PVZ|19/20, centrada na cultura marítima, com o apoio da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, numa viagem que acabou por se alargar a outros portos nacionais. O resultado é o livro “Sardinha, o sem fim da pesca do cerco”, que explica (e mostra) em que consiste esse método, enquanto dá a conhecer o trabalho dos pescadores, as suas rotinas, o seu vocabulário específico, as suas histórias, em jeito de homenagem às tripulações.
Para registar tudo isso, o autor acompanhou pescadores em diversas embarcações, partindo de diferentes pontos do país, e igualmente em terra – porque também aí há homens e mulheres que cumprem tarefas essenciais, do abastecimento à reparação das redes. Nos armazéns, “os barcos do pessoal de terra”, esses trabalhadores asseguram que tudo corre bem no mar.
Em “Sardinha, o sem fim da pesca do cerco”, aprende-se sobre aquele modo de vida, as diferentes fases do processo, os barcos (com nomes como Deus Não Falta ou Virgem Santíssima) e, claro, a sardinha, apresentada como “o petróleo das águas portuguesas”. Esse peixe, outrora associado às mesas mais pobres, foi entretanto elevado a símbolo nacional, presença forte tanto nas festas populares como na indústria conserveira, muito representado também nas lojas de lembranças para turistas.
Em mais de 300 páginas cabem dados tão curiosos como o custo de uma rede do cerco (perto de 100 mil euros; e cada barco tem, no mínimo, duas) ou os diferentes modos de funcionamento dos portos, ao longo da costa (nuns pesca-se de noite, noutros de dia – no de Peniche, por exemplo, os barcos saem às 14 horas em ponto).
Trata-se de uma publicação de capa dura, com fotografias a cores de Helder Luís, enriquecida com ilustrações científicas do biólogo Pedro Salgado. A obra tem ainda contributos científicos de Álvaro Garrido, professor catedrático e diretor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, e de Diana Feijó, técnica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.”
Texto de Carina Fonseca para a edição de 23 de Março da revista Evasões.