{"id":2862,"date":"2024-02-15T15:59:25","date_gmt":"2024-02-15T15:59:25","guid":{"rendered":"https:\/\/www.helderluis.pt\/?page_id=2862"},"modified":"2024-04-06T10:01:11","modified_gmt":"2024-04-06T10:01:11","slug":"buzio","status":"publish","type":"page","link":"https:\/\/www.helderluis.pt\/works\/buzio\/","title":{"rendered":"B\u00fazio"},"content":{"rendered":"\n
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\u00a92024 Helder Lu\u00eds<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

B\u00fazio \u00e9 uma instala\u00e7\u00e3o sonora que pretende refletir sobre a minha rela\u00e7\u00e3o com a mem\u00f3ria e a imensid\u00e3o simb\u00f3lica do mar. Este elemento tem sido uma constante na minha vida e obra nos \u00faltimos anos. A sua origem remonta \u00e0 minha inf\u00e2ncia, em parte por viver junto ao mar, mas tamb\u00e9m pela sua presen\u00e7a incontorn\u00e1vel na comunidade da P\u00f3voa de Varzim.
Como muitos, cresci com hist\u00f3rias do mar e dos homens que o desafiavam. Algures no emaranhado dessas hist\u00f3rias, existiam os b\u00fazios, uma cole\u00e7\u00e3o inteira deles. Estes b\u00fazios, companhia dos meus tempos de crian\u00e7a, pertenciam ao meu av\u00f4 paterno, Jo\u00e3o Silva. Quando visitava os meus av\u00f3s, acompanhando os meus pais, brincava com os b\u00fazios que serviam de decora\u00e7\u00e3o na sala. Foram trazidos do Brasil pelo meu av\u00f4, depois de uma tentativa de emigra\u00e7\u00e3o em busca de uma vida melhor, como muitos outros poveiros.
Para mim, era uma forma de passar o tempo, afastado das conversas dos adultos. Os b\u00fazios transportavam-me para uma esp\u00e9cie de mar long\u00ednquo, semelhante a uma mem\u00f3ria desvanecida por um denso nevoeiro, ficando tudo meio indefinido e misterioso. Era um mar desconhecido, longe do meu mar familiar, ao p\u00e9 da praia. Apesar de fugazes, esses momentos ficaram registados em pequenos fragmentos de mem\u00f3rias que hoje se desprendem e materializam em ideias e projetos que me permitem conhecer melhor esse mar antes totalmente desconhecido.<\/p>\n\n\n\n

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\u00a92024 Helder Lu\u00eds

Este b\u00fazio, comumente conhecido como b\u00fazio-tigre (Cypraea tigris<\/em>), apesar de n\u00e3o ser um dos exemplares mais espetaculares em termos de tamanho ou capacidade ac\u00fastica, tem um significado muito especial para mim. Foi herdado do meu av\u00f4 paterno e pode considerar-se como a raz\u00e3o pela qual eu concebi esta instala\u00e7\u00e3o. \u00c9 uma esp\u00e9cie de molusco marinho que pertence \u00e0 fam\u00edlia Cypraeidae<\/em> e \u00e9 reconhecido pela beleza distinta da sua concha, que apresenta um padr\u00e3o semelhante \u00e0s listras de um tigre, da\u00ed o nome \u201ctigris<\/em>\u201d. As cores podem variar do amarelo ao castanho, com manchas ou riscas escuras distribu\u00eddas por toda a superf\u00edcie, tornando cada concha \u00fanica. \u00c9 encontrado em \u00e1guas tropicais e subtropicais, habitando recifes de coral e fundos marinhos arenosos, onde se alimenta principalmente de esponjas e detritos org\u00e2nicos. Esta esp\u00e9cie prefere \u00e1guas pouco profundas, mas pode ser encontrada em profundidades vari\u00e1veis, desde a zona entre mar\u00e9s at\u00e9 cerca de 20 metros de profundidade.
As conchas s\u00e3o altamente valorizadas por colecionadores e s\u00e3o frequentemente utilizadas em joalharia e decora\u00e7\u00e3o devido \u00e0 sua apar\u00eancia ex\u00f3tica. A recolha excessiva das conchas para fins comerciais e decorativos tem levantado preocupa\u00e7\u00f5es sobre o impacto nas popula\u00e7\u00f5es naturais desta esp\u00e9cie em certas \u00e1reas.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

Os b\u00fazios s\u00e3o conchas marinhas de beleza e complexidade singular. Estes objetos transcendem o seu aspeto f\u00edsico, estando a sua forma envolta de significados simb\u00f3licos e culturais, enquanto nos fascinam pelo seu misterioso funcionamento ac\u00fastico. Numa perspetiva simb\u00f3lica, os b\u00fazios s\u00e3o emblemas da feminilidade e fertilidade. S\u00e3o tamb\u00e9m fundamentais na comunica\u00e7\u00e3o e em pr\u00e1ticas espirituais de diversas culturas, simbolizando a conex\u00e3o entre o humano e o divino.
Quanto \u00e0 sua natureza ac\u00fastica e sonora, os b\u00fazios s\u00e3o fen\u00f3menos de resson\u00e2ncia natural. Quando se sopra atrav\u00e9s do orif\u00edcio presente numa das suas extremidades, o b\u00fazio produz um som profundo e distintivo. Este som resulta da vibra\u00e7\u00e3o do ar na espiral da concha, servindo a sua forma e composi\u00e7\u00e3o para amplificar e modular o som de maneira \u00fanica. Esta experi\u00eancia ac\u00fastica revela a sua peculiaridade quando colocamos o b\u00fazio junto ao ouvido. Contrariamente ao mito popular, o som que escutamos n\u00e3o \u00e9 proveniente do mar, mas sim de uma mistura de ru\u00eddos ambientais de baixa frequ\u00eancia, normalmente impercet\u00edveis, que s\u00e3o capturados, amplificados e modificados pela concha. Este fen\u00f3meno \u00e9 enriquecido pela nossa perce\u00e7\u00e3o psicoac\u00fastica, onde a rela\u00e7\u00e3o natural das conchas com o mar leva a nossa mente a interpretar esses sons como sendo similares ao som do mar. Estas caracter\u00edsticas ac\u00fasticas fazem do b\u00fazio um objeto de interesse tanto cultural quanto cient\u00edfico. \u00c9 igualmente interessante ponderar o seu papel como elo m\u00edstico entre o mundo natural e o cultural, entre a ci\u00eancia e a espiritualidade, entre o tang\u00edvel e o metaf\u00f3rico.<\/p>\n\n\n\n

B\u00fazio foi concebida para ser instalada na capela da Fortaleza de Nossa Senhora da Concei\u00e7\u00e3o na P\u00f3voa de Varzim, um espa\u00e7o que por si s\u00f3 adiciona uma camada cultural, hist\u00f3rica e emocional \u00e0 experi\u00eancia. Este ambiente sagrado, aliado \u00e0 representa\u00e7\u00e3o sonora, procura criar um espa\u00e7o de reflex\u00e3o e contempla\u00e7\u00e3o, convidando os visitantes a mergulhar nas profundezas do mar e das emo\u00e7\u00f5es humanas que ele evoca.
A capela, devido \u00e0 sua pequena dimens\u00e3o, assemelha-se tamb\u00e9m a uma pequena concha, funcionando como um amplificador do som projetado no seu interior. Este pormenor arquitet\u00f3nico remete-nos para outros edif\u00edcios religiosos, tais como igrejas e catedrais, que foram projetados tendo em mente a import\u00e2ncia da m\u00fasica e do canto lit\u00fargico, com a ac\u00fastica a ser cuidadosamente considerada para suportar e real\u00e7ar estas pr\u00e1ticas. Os materiais de constru\u00e7\u00e3o, como a pedra e o vidro, e a aus\u00eancia de mobili\u00e1rio absorvente, contribuem para uma maior reflex\u00e3o e menor absor\u00e7\u00e3o do som, amplificando-o naturalmente.
A proximidade entre esta capela e o mar prop\u00f5e tamb\u00e9m uma justaposi\u00e7\u00e3o entre a sacralidade do espa\u00e7o e a imensid\u00e3o do mar, resultando num ambiente \u00edntimo e imersivo. Este ambiente proporciona aos visitantes uma experi\u00eancia sensorial \u00fanica, onde o contraste entre a paz da capela e a din\u00e2mica do oceano real\u00e7a a coexist\u00eancia entre o humano e o natural. A escolha deste local n\u00e3o s\u00f3 refor\u00e7a a rela\u00e7\u00e3o hist\u00f3rica das comunidades costeiras com o mar, mas tamb\u00e9m estabelece um ponto de encontro comunit\u00e1rio, incentivando o di\u00e1logo sobre a rela\u00e7\u00e3o intr\u00ednseca entre os seres humanos e o mar. Al\u00e9m disso, a capela, tradicionalmente um s\u00edmbolo de orienta\u00e7\u00e3o e prote\u00e7\u00e3o, ecoa a dualidade do mar como fonte de vida e de desafio, convidando a uma viagem metaf\u00f3rica de introspe\u00e7\u00e3o e descoberta.
A instala\u00e7\u00e3o apesar de simples e contida, transcende a mera express\u00e3o art\u00edstica, tornando-se uma experi\u00eancia enriquecedora que se interliga com a cultura e o local.<\/p>\n\n\n\n

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\u00a92024 Helder Lu\u00eds

A Fortaleza de Nossa Senhora da Concei\u00e7\u00e3o, constru\u00edda na primeira metade do s\u00e9culo XVIII na P\u00f3voa de Varzim, inseria-se numa estrat\u00e9gia de defesa do litoral que promoveu a edifica\u00e7\u00e3o de constru\u00e7\u00f5es semelhantes ao longo da costa norte. No seu interior, destaca-se uma capela barroca dedicada a Nossa Senhora da Concei\u00e7\u00e3o. Ap\u00f3s cumprir a sua fun\u00e7\u00e3o inicial, o \u201ccastelo\u201d, como ficou conhecido, entrou em decl\u00ednio no s\u00e9culo XIX, sendo reutilizado para eventos e outros usos p\u00fablicos, incluindo mercado e escola. Posteriormente, converteu-se num quartel da Guarda Fiscal que permaneceu em funcionamento at\u00e9 2010, altura em que a C\u00e2mara Municipal renovou o forte, transformando-o num espa\u00e7o de lazer com bares e restaurantes, preservando a maior parte da sua estrutura original. Esta revitaliza\u00e7\u00e3o culminou com a abertura ao p\u00fablico em 2015, dando uma nova vida \u00e0 hist\u00f3rica fortifica\u00e7\u00e3o. A capela foi tamb\u00e9m renovada e encontra-se aberta ao p\u00fablico, mantendo ainda viva a tradi\u00e7\u00e3o da \u201cProciss\u00e3o de Velas\u201d. Este cortejo religioso realiza-se na noite de 7 de dezembro, saindo para o exterior da fortaleza e percorrendo as ruas da cidade em honra de Nossa Senhora da Concei\u00e7\u00e3o, padroeira de Portugal e da P\u00f3voa de Varzim.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n

A instala\u00e7\u00e3o B\u00fazio explora estas dimens\u00f5es simb\u00f3licas e culturais, atrav\u00e9s do uso de software especializado para a cria\u00e7\u00e3o de um algoritmo que simula o som do mar. O algoritmo foi desenvolvido em Max\/MSP, utilizando dados da previs\u00e3o do estado do mar fornecidos pelo IPMA (Instituto Portugu\u00eas do Mar e da Atmosfera) e convertidos para XML (Extensible Markup Language) atrav\u00e9s de um Web Service que filtra informa\u00e7\u00f5es espec\u00edficas \u00e0 zona P\u00f3voa de Varzim.
Os dados, atualizados periodicamente atrav\u00e9s da internet, incluem par\u00e2metros como o per\u00edodo de maior ondula\u00e7\u00e3o, a altura da ondula\u00e7\u00e3o, o rumo predominante da onda, a altura significativa das ondas e a temperatura da superf\u00edcie do mar.
Este conjunto de informa\u00e7\u00f5es permite que a instala\u00e7\u00e3o reproduza o mais aproximadamente poss\u00edvel as condi\u00e7\u00f5es do mar ao longo do dia. A flutua\u00e7\u00e3o destes par\u00e2metros ir\u00e1 influenciar diferentes aspetos do som, criando uma experi\u00eancia auditiva que remete tanto ao \u201csom\u201d de um b\u00fazio quanto ao som do mar. A instala\u00e7\u00e3o usa dois altifalantes posicionados discretamente \u00e0 entrada da capela, ligados a um amplificador que recebe o sinal \u00e1udio de um computador ligado \u00e0 internet.<\/p>\n\n\n\n

Na instala\u00e7\u00e3o B\u00fazio, deparamo-nos com uma experi\u00eancia imersiva onde o som do mar \u00e9 reproduzido n\u00e3o pela realidade tang\u00edvel das ondas, mas pela abstra\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica de um software que pretende sintetizar a sua ess\u00eancia. Paralelamente, a pr\u00e1tica popular de escutar o mar atrav\u00e9s de um b\u00fazio remete-nos para uma experi\u00eancia similar, ainda que enraizada no natural, contrastando com a produ\u00e7\u00e3o ac\u00fastica artificial criada por uma m\u00e1quina. Esta compara\u00e7\u00e3o entre uma instala\u00e7\u00e3o e o ato de escutar um b\u00fazio real convida-nos para uma reflex\u00e3o profunda sobre as no\u00e7\u00f5es de representa\u00e7\u00e3o e simula\u00e7\u00e3o, bem como sobre a dicotomia entre o artificial e o natural. Ambos, a instala\u00e7\u00e3o e o b\u00fazio, servem como mediadores que nos aproximam da experi\u00eancia do mar e da particularidade do seu som, sem que este esteja fisicamente presente, operando distintivamente sob um v\u00e9u de simula\u00e7\u00e3o: um pela via da tecnologia e outro pelo engenho da natureza.<\/p>\n\n\n\n

A instala\u00e7\u00e3o B\u00fazio, representa uma tentativa de capturar e recriar a complexidade e a beleza inerentes ao som do mar, um fen\u00f3meno natural. Esta abordagem artificial, embora incapaz de replicar completamente a experi\u00eancia aut\u00eantica do mar, permite uma aproxima\u00e7\u00e3o sensorial que desafia os limites da nossa perce\u00e7\u00e3o. Por outro lado, o b\u00fazio, um objeto natural, convida-nos a uma experi\u00eancia que est\u00e1 intrinsecamente aliada a uma ilus\u00e3o ac\u00fastica, permitindo ainda assim uma liga\u00e7\u00e3o mais direta e org\u00e2nica \u00e0 natureza. O som que ouvimos ao encostar o b\u00fazio ao ouvido \u00e9 uma simula\u00e7\u00e3o natural, produzida n\u00e3o por circuitos eletr\u00f3nicos, mas pela estrutura da pr\u00f3pria concha e pelo ambiente que nos rodeia.
Tanto a instala\u00e7\u00e3o B\u00fazio como o ato de levar um b\u00fazio real ao ouvido sublinham a capacidade humana de procurar beleza e significado nas representa\u00e7\u00f5es e simula\u00e7\u00f5es do mundo natural. Esta intera\u00e7\u00e3o entre o artificial e o natural n\u00e3o apenas questiona a complexidade da nossa rela\u00e7\u00e3o com a tecnologia e o ambiente, mas tamb\u00e9m celebra o nosso eterno fasc\u00ednio e respeito pelo mar, um elemento essencial \u00e0 nossa exist\u00eancia, mas resguardado nos mist\u00e9rios das suas profundezas.
A instala\u00e7\u00e3o n\u00e3o apenas simula a experi\u00eancia de estar pr\u00f3ximo do mar, mas tamb\u00e9m nos faz refletir sobre a nossa rela\u00e7\u00e3o com o mundo natural e as formas atrav\u00e9s das quais interpretamos e recriamos essa rela\u00e7\u00e3o em contextos culturais e tecnol\u00f3gicos. Frequentemente, no nosso dia a dia, interagimos com representa\u00e7\u00f5es que nos s\u00e3o apresentadas como substitutos de realidades. Vivemos numa era saturada de simula\u00e7\u00f5es, onde a distin\u00e7\u00e3o entre o real e o representado se torna cada vez mais dif\u00edcil, desafiando a nossa compreens\u00e3o do que \u00e9 verdadeiramente genu\u00edno. Esta instala\u00e7\u00e3o permite-nos mergulhar subtilmente nas profundezas dessa quest\u00e3o, propondo uma medita\u00e7\u00e3o sobre como a arte e a tecnologia assumem uma dupla responsabilidade: podem distanciar-nos da realidade ou reconquist\u00e1-la atrav\u00e9s de novas interpreta\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

B\u00fazio transcende a sua pr\u00f3pria condi\u00e7\u00e3o f\u00edsica limitada enquanto instala\u00e7\u00e3o sonora minimalista, tornando-se um ponto de reflex\u00e3o sobre a condi\u00e7\u00e3o humana na era digital. Questiona-se, ent\u00e3o, at\u00e9 que ponto as nossas experi\u00eancias s\u00e3o aut\u00eanticas ou meras constru\u00e7\u00f5es e como estas simula\u00e7\u00f5es influenciam a nossa perce\u00e7\u00e3o da realidade. Ao contemplar essas quest\u00f5es, a instala\u00e7\u00e3o explora as complexidades inerentes \u00e0s representa\u00e7\u00f5es que constru\u00edmos e habitamos, convidando-nos a ponderar sobre a verdadeira ess\u00eancia do que consideramos real.<\/p>\n\n\n\n

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\u00a92024 Helder Lu\u00eds

A instala\u00e7\u00e3o B\u00fazio<\/em> foi desenvolvida com o software Max\/MSP, uma linguagem de programa\u00e7\u00e3o visual e um ambiente de cria\u00e7\u00e3o de m\u00fasica e multim\u00e9dia. Este software (Max) foi inicialmente desenvolvido por Miller Puckette em 1998 no IRCAM (Institute for Research and Coordination in Acoustics\/Music). Posteriormente o software foi licenciado \u00e0 Opcode Systems e a partir de 1997 desenvolvido e comercializado pela Cycling \u201974 j\u00e1 como Max\/MSP. O ecossistema Max\/MSP inclui um ambiente de programa\u00e7\u00e3o visual (a janela patcher<\/em>) e um grande n\u00famero de rotinas (chamadas objetos<\/em>). Um objeto<\/em> pode ser visto como uma fun\u00e7\u00e3o que processa dados de entrada para gerar dados de sa\u00edda. Estes objetos<\/em> s\u00e3o criados (como objetos<\/em> visuais) na janela patcher<\/em> e conectados entre si com cabos de liga\u00e7\u00e3o<\/em> para criar algoritmos. Um programa Max\/MSP \u00e9 chamado de patch<\/em>.
A sec\u00e7\u00e3o Max abrange todos os conceitos ligados ao processamento de fluxos de dados de controlo, gerindo todos os dados que n\u00e3o s\u00e3o sinais de \u00e1udio ou matrizes de imagem. Os sinais manipulados por esta sec\u00e7\u00e3o s\u00e3o chamados sinais de controlo. Os objetos<\/em> (fun\u00e7\u00f5es) que atuam sobre estes sinais est\u00e3o conectados entre si com cabos de liga\u00e7\u00e3o cinzentos. A sec\u00e7\u00e3o MSP abrange todos os conceitos ligados ao processamento de fluxos de dados de \u00e1udio (sinais de \u00e1udio).
No ambiente Max\/MSP, os sinais de \u00e1udio s\u00f3 podem ser passados e transmitidos entre objetos se o DSP (processamento de \u00e1udio digital) estiver ativado, ao contr\u00e1rio dos sinais de controle, que est\u00e3o sempre ativos. Os objetos (fun\u00e7\u00f5es) que atuam sobre estes sinais t\u00eam sempre um nome que termina com um s\u00edmbolo de til (~) e est\u00e3o ligados entre si com cabos de liga\u00e7\u00e3o segmentados amarelos e pretos.
O Max\/MSP possui uma vasta comunidade de utilizadores e programadores n\u00e3o afiliados \u00e0 Cycling \u201874 que enriquecem o software com extens\u00f5es comerciais e n\u00e3o comerciais. Devido a este design extens\u00edvel, que representa simultaneamente a estrutura do programa e a sua interface gr\u00e1fica de utilizador (GUI), o Max\/MSP tem sido descrito como a l\u00edngua franca para o desenvolvimento de software de performance musical interativa.
O software desenvolvido para a instala\u00e7\u00e3o B\u00fazio<\/em> obt\u00e9m os dados da previs\u00e3o do estado do mar, em particular do comportamento das ondas atrav\u00e9s da API (Application Programming Interface) disponibilizado pelo IPMA (Instituto Portugu\u00eas do Mar e da Atmosfera) no formato JSON (JavaScript Object Notation) e convertidos para formato XML (Extensible Markup Language) atrav\u00e9s de um Web Service<\/em> (facilitador da comunica\u00e7\u00e3o entre aplica\u00e7\u00f5es diferentes). O Web Service<\/em> come\u00e7a por selecionar apenas os dados relativos \u00e0 P\u00f3voa de Varzim acabando por produzir um XML com os seguintes par\u00e2metros: per\u00edodo de pico, associado \u00e0 ondula\u00e7\u00e3o (swell<\/em>), em segundos; altura da ondula\u00e7\u00e3o (swell<\/em>) em metros; rumo predominante da onda em pontos cardeais (N, NE, E, SE, S, SO, O, NW); altura significativa das ondas em metros; temperatura da superf\u00edcie do mar em graus celsius. Estes par\u00e2metros permitem que a instala\u00e7\u00e3o reflita as condi\u00e7\u00f5es reais do mar. Cada um desses par\u00e2metros influencia um aspeto espec\u00edfico do som e o resultado \u00e9 semelhante ao efeito ac\u00fastico de um b\u00fazio, representando uma simula\u00e7\u00e3o da realidade. O software comunica periodicamente, atrav\u00e9s da internet, com o Web Service<\/em> de forma a obter dados atualizados das condi\u00e7\u00f5es do mar.\u00a0
B\u00fazio<\/em> apresenta-se como uma instala\u00e7\u00e3o sonora com dois canais de \u00e1udio (est\u00e9reo), n\u00e3o existindo quaisquer outras manifesta\u00e7\u00f5es f\u00edsicas vis\u00edveis para al\u00e9m dos dois altifalantes no interior da capela e mesmo estes est\u00e3o colocados o mais discretamente poss\u00edvel, acima do campo de vis\u00e3o do visitante, para permitir uma experi\u00eancia o mais imersiva poss\u00edvel.<\/figcaption><\/figure>\n\n\n\n
Catalogo B\u00fazio (PDF)<\/a>Descarregar<\/a><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

B\u00fazio \u00e9 uma instala\u00e7\u00e3o sonora que pretende refletir sobre a minha rela\u00e7\u00e3o com a mem\u00f3ria e a imensid\u00e3o simb\u00f3lica do mar. Este elemento tem sido uma constante na minha vida e obra nos \u00faltimos anos. A sua origem remonta \u00e0 minha inf\u00e2ncia, em parte por… Read more<\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":0,"parent":52,"menu_order":8,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","template":"","meta":{"footnotes":""},"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/pages\/2862"}],"collection":[{"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/pages"}],"about":[{"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/page"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=2862"}],"version-history":[{"count":19,"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/pages\/2862\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":2896,"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/pages\/2862\/revisions\/2896"}],"up":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/pages\/52"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/www.helderluis.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=2862"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}