Esta instalação é inspirado na investigação de Grover Cleveland Backster Jr. (1924-2013), um especialista em interrogatórios da CIA através do uso do polígrafo, que ficou conhecido pelas suas experiências com plantas na década de 1960. Backster, inicialmente ligou uma planta a um polígrafo e observou as mudanças na resistência elétrica quando a planta era ameaçada ou ferida. Ele deu o nome de “percepção primária” a este fenómeno, sugerindo que as plantas poderiam sentir dor e até ler pensamentos humanos, embora essas alegações tenham sido rejeitadas pela comunidade científica, as suas teorias influenciaram a obra “The Secret Life of Plants” de Peter Tompkins e Christopher Bird, que explora a consciência e a sensibilidade das plantas, assim como inúmeros investigadores em várias áreas científicas ao longo dos anos.
Nesta instalação, pequenas variações na condutividade elétrica são medidas entre os elétrodos fixados nas folhas da planta, uma Costela-de-adão (Monstera deliciosa), e inseridos num microcontrolador pré-programado. As alterações são detetadas usando cálculos de médias e desvio padrão, que produzem notas (MIDI) e mudanças de controlo (CC). O circuito utilizado para detetar a condução galvânica biológica é baseado num temporizador IC 555 configurado como um multivibrador, semelhante a um detetor de mentiras simples.
A tradução destes impulsos eléctricos em som permite-nos, de certa forma, penetrar no mundo secreto das plantas. Este processo transforma os sinais elétricos das plantas em sons, acabando por revelar uma dimensão normalmente invisível da sua existência.
A Costela-de-adão (Monstera deliciosa) é uma planta da família das aráceas. Possui folhas grandes, cordiformes, penatífidas e perfuradas, com longos pecíolos. A espécie é nativa do México e é mundialmente cultivada como planta ornamental devido às suas belas e peculiares folhas, cujos segmentos lembram costelas.
A importância de entendermos melhor as plantas vai além do conhecimento científico; é uma questão de alterarmos a nossa perspetiva sobre o mundo natural. Vivemos numa sociedade antropocêntrica que coloca o ser humano acima das restantes espécies.
As plantas, apesar de serem muito diferentes de nós, não são necessariamente inferiores a nós. Elas desempenham um papel crucial na manutenção dos ecossistemas e na sustentação da vida na Terra. Reconhecer a sensibilidade e a importância das plantas pode ajudar-nos a cultivar um maior respeito e admiração por estas formas de vida. Tal como respeitamos os animais pela sua capacidade de sentir e interagir com o mundo, devemos estender esse respeito às plantas, entendendo que elas também são seres sensíveis e eventualmente conscientes se alargarmos essa definição a outras formas de consciência.
Mudar a nossa visão antropocêntrica é crucial para a preservação do planeta. Respeitar devidamente as plantas, pode levar-nos a tomar decisões mais conscientes e responsáveis em relação ao ambiente e ao nosso futuro.