Inauguração da exposição “Sardinha” em Peniche

Foi no passado sábado, 5 de abril, que a Central Elétrica de Peniche acolheu a inauguração da exposição Sardinha – o sem fim da pesca do cerco, da autoria de Helder Luís. A exposição estará patente até 8 de junho de 2025 e pode ser visitada de segunda a sexta entre as 10h e as 18h, e aos fins de semana entre as 13h e as 18h30.

O projeto expositivo resulta de um trabalho de fotografia documental desenvolvido ao longo de quatro anos, entre 2018 e 2022, centrado na prática da pesca do cerco — uma realidade de grande complexidade e riqueza, mas ainda pouco conhecida do grande público.

Durante esse período, Helder Luís embarcou em dezenas de viagens a bordo de barcos da Póvoa de Varzim, das Caxinas e de Vila do Conde, acompanhando as tripulações no seu quotidiano e mergulhando na experiência vivida dos pescadores. O resultado desse processo é um retrato profundo da pesca da sardinha e das suas múltiplas dimensões — humanas, técnicas, naturais — apresentado em fotografias, textos, infografias e desenhos técnicos.

A exposição nasce do mesmo impulso que levou à publicação do livro Sardinha, editado em 2023, e teve origem na residência artística MARPVZ19/20, dedicada à cultura marítima e apoiada pelo município da Póvoa de Varzim.

Peniche ocupa um lugar central nesta narrativa. Ao longo dos quatro anos do projeto, o autor passou várias semanas neste porto, acompanhando de perto a rotina das embarcações do norte que aqui operam durante a campanha da sardinha. O mar de Peniche, rico mas exigente, molda uma prática de pesca com características próprias, em que as saídas se fazem às 14h e os retornos se sucedem em várias descargas, num ritmo distinto de outras regiões.

Nas palavras do autor, documentar esta atividade implica mais do que compreender os barcos, as redes ou os peixes — exige escutar os homens do mar, testemunhar a força dos elementos e partilhar a incerteza da pesca. “A pesca do cerco irá mudar e irá evoluir, mas continuará a ser, como sempre foi, uma luta entre a sobrevivência de uma espécie e a subsistência da outra”, afirma Helder Luís, que vê este trabalho como um contributo para o reconhecimento de uma atividade vital e das comunidades que dela vivem.

CM Peniche